Visão geral:
- O que são tripes?
- Quais são os diferentes tipos de tripes?
- Qual é o impacto dos tripes?
- Como posso saber se tenho um problema de tripes?
- Como posso eliminar tripes?
- Resumo
Os tripes são insetos muito pequenos com asas franjeadas. Existem mais de 6,000 espécies descritas de tripes. Algumas delas podem ser pragas que causam danos significativos a diversas culturas, como cebola, tomate, morango e uva, enquanto outras espécies podem ser benéficas para a agricultura porque são capazes de se alimentar de pragas. No Canadá, os tripes são uma praga importante nas indústrias agrícola e florestal. Eles podem se dispersar rapidamente por longas distâncias e algumas espécies podem até transmitir doenças às plantas. Além disso, podem produzir até oito gerações por ano, o que significa que as suas populações podem aumentar rapidamente, tornando-os difíceis de controlar. Felizmente, muitos métodos de controle biológico estão disponíveis para combater esta praga comum sem o uso de produtos químicos agressivos.
Este artigo fornecerá uma visão geral das espécies de tripes, danos causados por tripes às plantas e estratégias de manejo.
O que são tripes?
Os tripes são insetos que medem de 0.5 a 13 mm de comprimento. Possuem ampla distribuição global, e, do total de espécies descritas (6,300 espécies), muitas são consideradas invasoras. Os tripes causam danos ao raspar a camada externa das plantas para se alimentarem de seu conteúdo. Esses insetos podem variar em aparência e coloração, dependendo da espécie e da fase de desenvolvimento do ciclo de vida. As larvas são geralmente transparentes e menores que os adultos. Muitos tripes adultos possuem asas longas e finas, cobertas por pequenos pelos nas bordas. Os ovos, por sua vez, são geralmente alongados ou em formato de rim. As espécies de tripes que habitam regiões tropicais tendem a ser maiores que aquelas de climas temperados.
Tripes O ciclo de vida e as estratégias de acasalamento dos tripes diferem entre espécies. Dependendo da espécie e do clima, os tripes podem ter até oito gerações por ano. As fêmeas depositam os ovos nas folhas da planta hospedeira e, após a eclosão, as larvas começam a se alimentar. Essas larvas passam por quatro estágios (dois estágios de alimentação e dois nos quais não se alimentam) antes de se tornarem adultos. Em climas quentes, o desenvolvimento de larva para adulto ocorre mais rapidamente. Dependendo do clima e da espécie, os tripes podem sobreviver ao inverno, porém suas populações tendem a diminuir durante esse período do ano.
Quais são os diferentes tipos de tripes?
Existem milhares de espécies de tripes, cujo impacto nos cultivos pode variar conforme a espécie. Embora muitas delas sejam inofensivas para as culturas, algumas podem se tornar pragas significativas, causando perdas no rendimento dos cultivos e até prejuízos em indústrias economicamente relevantes. Todas as espécies de tripes pertencem à Ordem taxonômica conhecida como Thysanoptera.
Tripes de estufa (Heliothrips haemorrhoidalis)
É uma espécie de pequeno porte e de coloração negra, que frequentemente ataca cultivos sendo produzidos dentro de estufas. Entre as plantas hospedeiras dessa espécie de tripes estão os pimentões e as plantas cítricas. A espécie é originária de regiões tropicais, mas atualmente possui distribuição global e é considerada uma praga importante em diversas espécies de plantas.

Tripes ocidental das flores (Frankliniella occidentalis)
Os adultos dessa espécie são de cor amarela ou marrom claro e medem de 1 a 1.5 mm de comprimento. Ainda quando a espécie é originária da América do Norte, atualmente possui distribuição global. Esse tripes é considerado uma praga de importância econômica, pois pode se alimentar de diversos cultivos e, além disso, transmitir doenças às plantas. Entre as culturas comumente afetadas pelo tripes ocidental das flores estão: tomate, pimentão, morango e uva.

Tripes da cebola (Thrips tabaci)
O tripes da cebola também é de cor amarela ou marrom claro e é originário da Eurásia. Como o nome sugere, essa espécie causa danos em cultivos de cebola, mas também pode prejudicar culturas de alho, cenoura e repolho. Além disso, pode transmitir doenças e possui ampla distribuição global.

Qual é o impacto dos tripes?
As espécies de tripes se alimentam das plantas raspando a camada externa resistente para se alimentar dos líquidos internos. Dependendo da espécie e da planta hospedeira, os tripes podem se alimentar de frutos, folhas e brotos. Essa alimentação pode causar atraso no crescimento e redução no rendimento, especialmente em condições de grandes infestações. Eles também podem atacar várias espécies de árvores de grande porte, que geralmente são mais resistentes do que as hortaliças e frutíferas.
Os tripes também transmitem vírus de plantas. Entre os vírus mais comuns estão o vírus da mancha necrótica do impatiens e o vírus da murcha-manchada do tomate. Em Ontário, o vírus da murcha-manchada do tomate causa danos significativos nas culturas de tomate e pimentão. O controle desse vírus é um desafio particular devido à capacidade dos tripes de se dispersarem e causarem infecções em campos vizinhos.
Como posso saber se tenho um problema de tripes?
Os danos causados pelos tripes nas culturas são facilmente perceptíveis, embora os sintomas exatos possam variar de acordo com a espécie de tripes e a planta hospedeira. Dependendo da espécie, o dano pode se manifestar como murchamento das folhas, manchas marrons e brancas ou um aspecto prateado ou escamoso. Os tripes também deixam excrementos negros na superfície das folhas, frequentemente chamados de dejetos. Esses insetos são muito pequenos para serem notados a olho nu, mas podem ser vistos facilmente com uma lupa.

Um número maior de tripes levará a uma perda notável de rendimento e danos mais extensos às folhas. Os excrementos de tripes se acumularão mais rapidamente e os tripes serão mais evidentes a olho nu. Os sintomas de vírus comuns associados a tripes, como anéis marrons nas folhas (vírus da murcha manchada do tomate), também podem ser mais visíveis. Algumas infecções fúngicas são mais prováveis quando os tripes causam danos significativos. O aumento do número de tripes nas plantas provoca perdas significativas no rendimento e maiores danos nas folhas. Os excrementos ou dejetos se acumulam mais rapidamente, tornando os tripes mais visíveis a olho nu. Além disso, os sintomas dos vírus comuns associados aos tripes, como os anéis marrons nas folhas (causados pelo vírus da murcha-manchada do tomate), podem se tornar mais evidentes. Quando os tripes causam danos significativos, a probabilidade de infecções fúngicas também aumenta.
Como posso eliminar tripes?
Felizmente, existem várias estratégias disponíveis para controlar os tripes. As estratégias de controle biológico são a melhor opção para enfrentar essas pragas, pois não causam danos ao meio ambiente nem reduzem o número de organismos benéficos.
Monitoramento de tripes
Se os tripes já foram um problema durante as safras anteriores ou se houver suspeita de uma infestação, existem várias formas eficazes de monitorizar o seu cultivo.
- Uma forma eficaz de identificar a severidade do problema dos tripes na sua cultura é sacudir suavemente os galhos em uma folha de papel branca.
- Outra opção é usar armadilhas pegajosas de cor brilhante perto das plantas.

Opções de controle cultural
Na agricultura, o controle cultural refere-se à aplicação de práticas que visam reduzir ou eliminar pragas indesejadas, tornando o ambiente das culturas menos adequado para elas. Algumas estratégias incluem:
- Plantar cultivos suscetíveis, incluindo mudas, longe de áreas infestadas com ervas daninhas, para evitar que os tripes se movimentem entre diferentes plantas hospedeiras.
- Se você notar que uma planta ou parte de uma planta está infestada, é possível cortá-la e destruí-la, evitando assim o contato com o restante das plantas.
- Muitas espécies de tripes podem sobreviver ao inverno em material vegetal caído, portanto, é aconselhável reduzir sua população removendo restos de cultivo e podando partes velhas das plantas, como flores, onde os tripes costumam se abrigar
Controle biológico
Método de controle biológico refere-se ao uso de métodos naturais mais seguros. Muitas estratégias de controle biológico de tripes fornecem um controle eficaz de pragas sem causar danos ao meio ambiente ou ao ecossistema.
Agentes macrobiológicos
Agentes macrobiológicos são um tipo de produto de biocontrole comumente utilizado contra tripes. Eles são pequenos animais que podem ser liberados em um cultivo, em nível de campo, para reduzir a população de pragas Os crisopídeos por exemplo, são utilizados para combater os tripes, pois se alimentam diretamente deles. Ácaros predadores, como Amblyseius swirskiisão uma opção prática e eficaz para o controle biológico dos tripes devido à sua facilidade de uso. Além disso, os nematoides são pequenos vermes que podem ser aplicados sobre as folhas dos cultivos, onde se alimentam das pupas dos tripes, que representam uma fase de desenvolvimento desses insetos
Os tripes também possuem muitos inimigos naturais que já estão presentes no meio ambiente. Esses predadores incluem crisopídeos verdes e minúsculos insetos piratas, e você pode incentivá-los fornecendo um ecossistema diversificado de plantas e não usando pesticidas químicos.
Substâncias naturais
Substâncias naturais são biopesticidas que oferecem uma solução segura e natural para o manejo de diversas pragas. O óleo de neem, extraído da planta de neem, é utilizado como repelente de tripes e como disruptor do crescimento das larvas e do ciclo reprodutivo desses insetos. Além disso, é eficaz no controle de cochonilhas Óleo mineral também é usado, pois causam a morte dos tripes por asfixia e desidratação.
Agentes microbiológicos
Microbianos são outro grupo de biopesticidas constituído por organismos microscópicos, como bactérias, fungos e vírus. Beauveria bassiana é um tipo de fungo que ocorre naturalmente em muitos solos. É patogênico para tripes causando morte pela produção de toxinas. Outro fungo chamado de Metarhizium anisopliae pode controlar o número de tripes através de um mecanismo semelhante ao mecanismo usado por Beauveria bassiana. Ambas as opções oferecem uma solução ecologicamente correta para o manejo de infestações por tripes.
Outros métodos
A cobertura reflexiva pode prejudicar a capacidade dos tripes de encontrar novas plantas hospedeiras. Pode ser usado com outros métodos como parte de estratégias integrativas de manejo de pragas. O uso de cobertura reflexiva pode alterar a capacidade dos tripes de encontrar novas plantas hospedeiras. Pode ser usado com outros métodos como parte de estratégias de manejo integrado de pragas.
Pesticidas químicos
Como líder mundial na implementação de conhecimento sobre gestão de pragas com base na natureza, o CABI incentiva Manejo Integrado de Pragas (IPM) como a abordagem preferida, ecologicamente baseada, para produzir colheitas saudáveis. Esta abordagem permite o uso de pesticidas químicos somente quando necessário, e ao aderir a medidas que limitam a exposição de pessoas e do ambiente a eles (ver FAO, Código Internacional de Conduta sobre Gestão de Pesticidas).
Antes de considerar o uso de pesticidas químicos, os agricultores devem explorar todas as soluções de controle não químicas disponíveis. Isso inclui práticas culturais, conforme mencionado anteriormente, e consultar o CABI BioProtection Portal para identificar e aplicar produtos de controle biológico adequados.
Caso pesticidas químicos sejam considerados para uso, os agricultores devem procurar selecionar pesticidas químicos de menor risco que, quando usados como parte de uma estratégia de MIP, ajudem a controlar problemas de pragas, ao mesmo tempo em que minimizam os efeitos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. Os provedores de serviços de consultoria agrícola podem fornecer informações sobre pesticidas químicos de menor risco que estejam disponíveis localmente e sejam compatíveis com uma estratégia de MIP. Esses especialistas também podem aconselhar sobre o equipamento de proteção individual necessário.
Resumo
Os tripes representam um desafio significativo para a agricultura, inclusive no Canadá. Eles causam danos em uma ampla variedade de cultivos e transmitem doenças às plantas. O manejo eficaz exige a detecção precoce, a aplicação de práticas culturais para reduzir os níveis de infestação e o uso de táticas de controle biológico que sejam amigáveis ao meio ambiente. A liberação de predadores, nematoides benéficos e o uso de biopesticidas, como o óleo de neem e fungos benéficos, podem ajudar a reduzir os danos causados pelos tripes. Embora os pesticidas químicos possam ser utilizados, seu uso traz riscos ecológicos e à saúde. O conhecimento das espécies específicas de tripes e seus impactos pode ajudar os agricultores a aplicar os tratamentos adequados para manter suas culturas saudáveis e produtivas.
Visite o CABI BioProtection Portal para encontrar soluções para o seu problema de pragas ou dê uma olhada em alguns de nossos outros guias, tais como como eliminar os ácaros e como usar o ácaro predador Amblyseius swirskii para manejar as populações de tripes.